Um ano.

Um ano passa rápido.
Uma tragédia não.
Um ano passa rápido.
Mas um sentimento não.
Um ano.
Um ano que superação é exigência,
E que doces sonhos não são reais.
Um ano que deve ser esquecido para evitar choro.
Um ano que deve ser lembrado por amor.
Um ano.
Doces momentos de fotos doces.
E mais doces por suas lições e lembranças.
Nunca quis usar a palavra lembrança.
Uma mãe que se torna uma mais que importante,
Mais que boa,
Mais que suprema e imortal lembrança.
Uma mãe que alimenta o amor de seu filho,
Filho egoísta, filho de pecado.
Uma mãe que não via defeitos.
Uma mãe que conhecia seu filho.
Que incentivava seu filho.
Que não deixava seu filho cair.
Uma mãe mais que perfeita.
E um ano.
A mãe das soluções tão óbvias.
A mãe das meus fins de tarde.
Dos meus começos magníficos de dia.
A mãe que chora. Que educa sua cria.
A mãe que pensa no bem. 
E educa seu filho para o bem.
Minha mãe mais que mãe.
Posso ser esta criadora do mau.
Posso rir até do impossível.
Mas nunca duvide de meu amor.
Eu rio pra não chorar,
Por que de prantos ninguém vive.
Eu devo rir por viver.
Eu devo rir por morrer de dor que até então é incurável.
Eu devo rir das pessoas que me humilham.
Eu devo rir da vida que é uma porcaria.
Eu tenho que rir.
Não posso cair no chão em prantos,
E dizer que minha vida acabou.
Não posso tentar me matar pra me sentir menos culpado.
Culpado dos gritos de uma mãe que daria sua vida a mim.
Que pediu pra não deixar ela morrer.
E o que este filho fez?.
Rogou pra um Deus que não o ouviu.
Precisou do apoio das pessoas que não o deram.
O apedrejaram com palavras.
E riram de sua cara de pranto.
Mas sei que tudo tem que ter seus motivos.
Mas aceitá-los não irei.
Um ano.
Ano do recomeço forçado.
Da vida feliz do sarcasmo.
De sorrisos falsos que escondiam um pranto profundo.
Um momento para explodir.
E derramar sua cólera de lágrimas aos quatro cantos.
Um ano que começou com uma semana.
A semana que fiquei em casa.
A semana do sentimento de culpa.
Do sentimento de dor.
Do sentimento que nem eu sabia que existia.
Do sentimento de se unir com o maligno.
De vender a alma pra alguém que hoje sei que não existe.
Mas que eu era um trouxa.
Um imbecil, sem utilidade, ignorante e infantil.
Não via o mundo nojento que me cercava.
Não via que todos eram idiotas assim como eu.
E parei de acreditar em tantas regras do passado.
Se a vida me tirou minha mãe que eu amava,
Por que eu não iria tirar o sorriso da cara da morte.
Da egoísta morte que ceifa vitimas e não corações.
E me deparei com minha pior face em 17 anos recém formados.
Mas descobri muito de mim.
Descobri aliás o suficiente de mim.
E comecei algo que não paro.
Que me faz e me joga na cara que estou vivo.
Que meus problemas são e serão reais.
Escrevo.
Um ano escrevendo e perdendo o amor.
Mas ganhando outros.
Resolvi falar de um ano.
Mas meu ano foi tão simples.
Tão fácil de se entender.
Não quis chorar por me lembrar das palavras de minha mãe.
Não quis me matar por que sabia que eu era necessário.
Nem que fosse pra ser ridicularizado no colégio.
Ou difamado em uma cidade de merda.
Decidi ver o mundo como ele realmente era.
E o que ganhei foi apenas tonalidades diferentes de cabelo,
E uma doença crônica chamada Crohn,
Que até então para mim não existia.
Então pronto. Isso foi um ano.
Um ano de pensar que iria morrer,
Em uma cirurgia que poderia me parar,
Mas não parou.
E em um ano resolvi voltar a existir.
Não sei por que, mais resolvi.
E comecei esse ano assim,
Me reinventando.
E não me arrependo do que fiz.
Nunca vendi minha alma pro tal diabo.
Nunca mais supliquei para um deus "oculto em mistérios",
Que nas suplicas mata sua mãe,
E continuei a viver minha vida.
Conheci a mais importante das pessoas.
Que de nome é Joy.
E com ela aprendo todo dia o quanto é bom ser feliz.
O quanto é bom dormir pensando em amor.
E acordar pensando na vida.
Ela é a pessoa mais importante pra mim neste e em todos os momentos.
Algo que nunca pensei em dizer assim.
Mas eu amo esta pessoa. Essa pessoa que é minha.
E não posso me esquecer de meus verdadeiros amigos.
Que por ser em tão pouca quantidade valem mais que 13.
Eles sim são realmente importantes.
Assim como minha Joy.
Assim como minha vida.
E como esse ano que passou tão rápido.
Um ano sem uma mãe.
Um ano sem acreditar nisso.
Imaginar que ela está viajando e que não volta.
Mas saber que realmente tudo aconteceu.
E que você não pode fazer nada.
E assim começar uma vida nova.
E me esbaldar nas letras e palavras.
E aprender que nem sempre tudo vem tão fácil assim.
E que a vida nunca vai ser perfeita,
Mas você pode fazê-la ser melhor.
E sorrir mesmo que não querendo.
Por que as pessoas lembrarão de você pelo sorriso.
Não pelas suas lágrimas ou defeitos.
Esse foi o espetáculo do meu ex-ano.
E a maravilha de mais uma vida de absurdos.
A tão negra vida de um ser que é oculto, de certa forma.
Mas que não tem medo de mostrar sua cara para ninguém.
E nem de cuspir na cara de ninguém.
Eu agora amo.
Então que se dane os outros meros fantoches.
Usados pelos próprios sentimentos.
Eu tenho vontade de amar.
E a cumpro por alguém que mereça meu amor.
Por alguém que sempre idealizei,
E que amo.
Então simplesmente para acabar: que tudo se foda.
Quero ser feliz ainda nesta vida.
Não no último momento de minha existência.
Eu vou ser feliz.
E parar de escrever por hoje.
:)

By:Vinicius André.
Feito em 16 de Maio de 2011.
* Interrompi meu calendário mais precisava escrever...

Comentários

Postagens mais visitadas