A Barca (Senhor Esqueleto)-Parte I

Em um distante destino, do horizonte distante,
A barca do abismo aparece,
Com seu senhor esqueleto, senhor da morte,
E como na beira do abismo,
Ele ainda não comprou sua passagem,
E a barca vai embora dessa vez,
Vazia de sua fria companhia.
Ele aguarda sua vez,
E educa sua fé na capela,
De grandes vitrais e escura,
Ele confessa seu pecado ao monge,
Que preside a capela do mosteiro.
O mosteiro do fim do mundo,
Da beira de um abismo,
De sombras frias, pretas e mortas,
Que vagam como corvos no céu.
Ele se prepara para o embarque,
Ao encontro de seu passado e futuro,
Pois no presente ele é morto,
Pois no presente ele é morto.
Desce ao porto de embarque,
Garoto torto, garoto marte,
Ele é louco, o que ele faz aqui?
Sua passagem não é vendida de antemão.
De onde saem esses gritos?
Eu os ouço de baixo dos meus pés,
Será o pavor do inferno?
Será o pavor de morrer?
Deito sobre a terra que é fria,
É marrom e fria,
Subo o Monte Mória e me deito,
Eu estou vivo, eu não morro.
No horizonte avisto a mesma barca,
Onde seus passageiros somem num vasto mundo,
Onde sues passageiros não aceitam o seu destino,
Se jogam em um mar de fluído gelatinoso e verde,
Não um verde qualquer, um verde pantanoso,
Um verde musgo pantanoso.
Os que sobram na barca se vão,
Me deixam olhar a lua negra do horizonte,
Do céu distante, de um céu tempestade e distante.
Filas dobram o monte para o embarque,
Uns agonizando sem um braço,
Alguns sem pele, outros queimados,
Alguns rezando com seu véu na cabeça,
Para perdoarem seus pecados.
Mas o rei esqueleto não perdoa,
Ele usa uma capa preta e um capuz,
Ele usa uma bengala e no pescoço uma cruz,
Ele apenas obedece ordens.
Por ele eu estaria na barca,
E chegaria no meu fim.
Esta na hora de minha partida,
Subo por entre montanhas,
Atravesso riachos de sangue,
Chego na terra amarela,
Um arco-íris me recepciona,
Uma taça de vinho me emociona,
Tantas flores num mundo tão azul,
Tantos alados e alantes,
Tantos lapidados diamantes,
Tantos sabores e escolhas,
Tantos tudo e sem problemas.
Não voltarei mais rezar no porto.
Ficarei no meu paraíso além Mória,
Eu sei que quem levava a barca  ao seu destino,
Sempre quis me ver como uma escória.

By: AyKe.AeRa. 

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