As Tulipas

Feito em 13 de agosto de 2011...


Como eram tenebrosas aquelas noites,
Em que recebia as tulipas ainda no fim da tarde.
As tulipas eram o ingresso para o horror da noite,
Para mais um dos tantos horrores que passei.
Pelos cantos ele sentava a fim de se enjaular,
Tinha medo dos olhares, tinha medos das vozes.
Mas ia para tentar reiniciar uma vida.
Nunca conseguiu sua façanha lá.
Foi em seu aniversário que lhe foi dado o presente,
Em um ano esquecido dos tantos que guardo em mente.
Ele bebia vodca. Sentava pelos cantos já deprimido.
Sabia algo. Não por saber por terceiros.
Sua intuição o dizia. Aquele seria o dia?
Foi ali que começou. Em um camarote.
Foi dali que saiu o ponto. Foi dali que ele não queria sair.
Ele sabia. Não poderia evitar. Ele sabia.
Tomou mais vodca. Não sentia suas pernas.
Não sorria como de costume. Observava a pista.
Ele não chorava, mas ele pensava.
As tulipas daquele dia, não seriam as flores corretas.
Precisaria de cravos. De rosas vermelhas.
Foi assim que se sucedeu. Ele sabia.
Ele apenas queria sua mãe,
E um pouco mais de vodca naquele momento.
As músicas o revelavam. Todos vivem lá embaixo.
As luzes o mostravam. Não se mate. Você deve viver.
Cansado pode ser que ficaria. Por que seria um ano difícil.
Parado não. Ele viu as pessoas que viviam,
Que procuravam algum sentido para viver.
Elas não pensam em criar um extraordinário,
Elas apenas queriam algo a mais para sobreviver.
Isso me intrigou naquele momento.
E ainda continua a me intrigar.
Ainda encontro essas mesmas pessoas,
Afim de com pouco se contentar.
Não sei. Isso tudo me mudou muito.
Afetou-me a ponto de não me entender por este ano.
Eu perdi as grandes expectativas a respeito de uma família perfeita.
Eu perdi o conceito de ajudar quem não quer ajuda.
Perdi a pessoa que se perdia em olhares alheios,
Olhares falsos e alheios. Eu não sei por que, mas mudei.
Quem sabe fosse a hora para meu próprio bem.
Hoje quem sabe perceba que a vida é real.
Pois antes via a morte de meus pais algo tão distante,
Tão fictício, em um longo caminho.
Pensava em ver minha mãe sorrindo pelo meu diploma da faculdade,
Ou naquele mesmo ano pela minha formatura do ensino médio.
Pelo menos isso, pensava em ver. O sorriso dela de orgulho por um filho.
Mas não tive a tão falada da sorte. Tive que me contentar sozinho.
Quem sabe hoje com minha doença,
Aprendi a ver minha vida como única e mortal.
Como a única maneira de poder criar,
Um universo que apenas eu entenderia.
Mas hoje eu publico esse universo.
E tenho certo receio e euforia.
Mas agora entendo minhas conclusões daquela noite.
Tulipas: todas elas são diferentes.
Tulipas: momentos inimagináveis de horror.
Tulipas: conceitos até então inocentes.
Tulipas: noites de ataques e de suor.
Cansei de tentar me achar pelo passado.
Ou de onde eu parei naquele momento.
Eu continuei vivo até hoje.
Não posso mudar, eu me toco e sei de toda a verdade.
Conheço-me. Agora apenas busco esse conhecido.
As Tulipas voltaram? Impressão minha, elas já estão enterradas.

By: AyKe.AeRa.

Comentários

Postagens mais visitadas