"Assim Como É A Lua!"

Feito em 26 de Julho de 2011...
Do mesmo modo que se anda se move,
As últimas palavras foram "por favor, não".
Naquela linda noite de Dezembro,
Noite linda de verão.
Já sabia seu destino. Você não o pediu?
Breve história assassina,
Você se lembra daquela rua?
Vamos explicar ao céu como ocorreu,
"Assim como é a lua!"
Naquele instante nada importava,
Você era a estrela do espetáculo,
E eu apenas uma decadência,
A substituição do último ato.
Você vagava sempre solitária. Você e a lua.
Andava por entre becos e ruas escuras.
Você teria que morrer.
Pois na noite de estréia do espetáculo,
Você não deveria aparecer. E não apareceu.
Aquele beco foi seu fim. Aquele beco.
Minha mão sedenta da fúria transcendental,
Com muita força lhe finca um punhal,
Que a abre por inteira. Agora é seu fim.
Você cai. Você não vive. O espetáculo é meu.
Seu sangue e você sobre o lixo.
Seus olhos fixos para o nada.
Você gritou em vida por socorro,
Mas foram ecos apenas na madrugada.
Eu enfim provo seu sangue.
Enfim você é uma carne avermelhada.
Seu espetáculo é meu. Sua vida não prestava.
Os únicos cúmplices do crime,
Foram os ratos e a lua nua,
Vou brilhar no espetáculo, ser resplandescente,
"Assim como é a lua!"
O cenário é meu. O figurino é meu.
Tudo enfim é só meu.
"Não sei. Acho que não vem".
"Como? Não posso fazer isso à ela!"
"Ela é a estrela. Pelo bem do espetáculo, então!"
Como é bom omitir o que penso.
Como é bom ser inocente com sangue,
Dos trouxas sem talento. Agora posso brilhar.
Abrem-se as cortinas. Então começo a encenar.
O povo está tão concentrado em mim.
Riem das minhas piadas. Choram com meu drama.
Conquistei a carisma alheia? Prossigo o show até o fim.
Os aplausos, as flores, o meu espetáculo.
Estão de pé. Minhas lágrimas caem.
Vejo o sorriso em cada rosto,
Ouço os aplausos já sem pensar,
Como o crime foi perfeito,
Um espetáculo regado a sangue,
Meu olhar redondo e regado,
"Assim como é a lua!"
Volto pelo mesmo beco.
Vou atear fogo no cadáver.
Já tenho sangue suficiente.
"Não. Não fui eu. Por favor acredite em mim",
"Assim como é a lua!"
Presa. Faz dois dias que não respiro direito.
Faz três dias que não como.
Faz quatro dias que não olho para os lados.
Faz cinco dias que vejo coisas.
Faz seis dias que ouço vozes.
Hoje enfim chegou a hora. Com um punhal na barriga eu morro,
"Assim como é a lua, a lua do beco, minha lua!".

By: AyKe.AeRa.

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