Compromisso Submisso

 Feito em 18 de julho de 2011....

Você já sabe seu compromisso menina idiota.
Isso é o que pensa a mãe.
Eu sei o que faço da minha vida.
Isso é o que pensa a filha.
Quem será a submissa? Quem ganhará esta batalha?
A filha se tranca no quarto. Ouve música.
A mãe desesperada destrói a porta de tanto bater.
A filha não liga. Finge que morreu.
A mãe entra em prantos e liga para o pai.
O pai nada pode fazer. A filha nem é sua.
Então ela liga a avó. De nada adianta.
Aquela velha é surda. O que fazer agora?
Ela desliga o contador de luz.
A filha revoltada abre a porta aos gritos.
“O que você pensa que está fazendo?”
A mãe agora fala. A filha finge ouvir.
Tudo se resolve por aí?
Pelo contrário. A filha não está em si.
O que ela está fazendo? Sua filha nunca reagiu assim.
Foi para a cozinha. A mãe assustada pensa o pior.
Ela está trancada. “Meu senhor que nada aconteça”.
“Filha abra esta porta”. “O que você viu não era aquilo”.
“Vai se ferrar sua velha vagabunda”, é o que responde.
“Por favor, abra essa porta, não me obrigue a chamar alguém para abrir”.
Ela responde: “chama ele sua vadia. Chama ele. Eu te odeio. Me deixa em paz”.
“Que cheiro é esse? Meu Deus, é gás. Filha por favor”.
“Não foi isso que você sempre sonhou mamãe?”.
A mãe liga para os bombeiros. Para a polícia.
Tenta destruir a porta com um machado.
Ela enfim abre. Sua filha está caída diante do fogão.
“O que você fez? Por que minha filha?”
Sua culpa a envergonha. Então ela entra em sua casa.
Com sua filha no quintal, ela se tranca em casa.
“Eu mereço esse fim. O que foi que eu fiz”.
Sua culpa a levou ao limite. Então ela vê que chegou seu fim.
Abre a gaveta. Pega uma faca. Ela chora. Mas deve fazer.
Então finca a faca em seu pescoço, com um único golpe.
Ela cai ao chão. Seu sangue agora é redimido.
Um cadáver de uma vadia. O seu cadáver.
A filha acorda no quintal.
“O que houve? Mãe?”
Aproxima-se da casa. Vê pela janela sua mãe jogada ao chão.
“O que aquele crápula fez? destruiu minha família”.
A menina ainda meio tonta atravessa a rua.
Ela está com o machado. Ela irá fazer justiça.
O errado sempre foi ele. Foi ele quem fez isso.
Enganou as duas. Mãe e filha.
Transou com as duas. Mãe e filha.
Engravidou as duas. Mãe e filha.
Engravidou a mãe. Que criou a filha.
Engravidou sua filha. Que criará seu neto?
“Não isso não vai acontecer”.
“Abra essa porta seu viado!”.
Ela entra pelos fundos. Sobe até o quarto.
Ele está com outra vadia na cama.
Ela faz jus à morte de sua mãe.
Despeça seu pai com o machado, como se livrasse sua culpa.
Não se esquece da vadia, e a pica como um açougueiro.
Agora está segura quanto todo o ocorrido.
Volta para casa e fecha o gás.
Toma um banho. Vai para o jardim.
Cava uma cova. Arrasta sua mãe até ela. Enterra sua mãe.
Limpa o sangue. Liga a televisão. Ela fala ao telefone.
“Vamos sair então? Não estava mais agüentando ficar em casa”.
“Aqui? Não, não ouvi nada por quê?”
“Que estranho”. “Te vejo mais tarde então”. Compromisso submisso.

By: AyKe.AeRa.

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