As Pedras Do Calçamento

Feito em 23 de setembro de 2011...


Elas enfeitam, mas machucam.
Elas enfeitam, mas podem ser jogadas,
Na sua cara, por motivos ou sem motivos algum.
Coloridas ou sem cor alguma.
Por algum motivo insistem em ser jogadas na sua cara.
Tantos desaforos podem ser ouvidos.
Tantas calúnias ou difamações, que nem ligo.
Sou um maldito, diz um.
Sou um viado, diz outro.
Vendi minha alma pro diabo, dizem tantos.
Sou louco, isso quem sabe.
Sou um drogado, por que uso preto.
Era um santo, por que queriam que fosse padre.
Sabe o que sou? Essa merda, sua porra.
Essa merda que você tanto diz ser tanta coisa.
Sou eu quem recebe essas pedras de calçamento,
Mas sem cair ou chorar. Sabe por quê?
Por que você não tem condições de ouvir críticas,
Ou de agüentar metade do que você me faz.
Por que você vê sim em mim, alguém mais forte.
Por mim que você morra.
Não preciso sair pro mundo dizendo quem sou eu,
O mundo faz questão de mostrar na sua cara.
Se eu sou maldito? Sim, isso eu sou,
A vida e você me ensinaram a ser assim.
Se eu sou viado? Olhe com seus olhos,
E prove do próprio gosto amargo da sua língua.
Se eu vendi minha alma pro diabo?
Você ainda acha que estaria aqui nesse fim de mundo!
Se eu sou louco? Reveja seu conceito de vida,
Quem sabe sempre quis agir assim como eu.
Se eu sou um drogado? Nossa que emoção,
Se me drogo quem sabe seja por que me cansei de ver sua cara,
E prefira muito mais as caras dos elfos e elefantes coloridos,
Do efeito alucinógeno do mundo mágico do sol. Que desgraça.
Se eu fui um santo? Nunca em um milhão de anos,
O mesmo que dedicava sua vida a Deus,
Matava seus porquinhos-da-índia em casa envenenados.
Sabe quem eu sou? Essa merda.
Insista em me atacar essa pedra, que eu posso revidar.
Vamos ver se você terá justificava,
Para poder se revelar. Vamos ataque!
Se eu agüentei coisas tão grandes, tão ignorantes,
Se me estressei com tão pouco, sem saber ver longe.
Essa merda sou eu. E quem é você afinal?
Não vivo da sua sombra, ou da sua vida.
Não vivo do que você faz ou não faz.
Não vivo do que você diz ou pensa.
Vivo do que eu faço, do que eu sou, e do que eu acho.
Não preciso das suas opiniões, seus conselhos,
Ou de suas pedradas, toques ou fofocas.
Quem diria que morderia sua língua.
Quem diria que quem ri de tudo sou eu.
Quem diria meu caro. O mundo gira.
Sabe aquelas pedras que guardei por milhares de vezes,
Depois de tanto receber suas pedradas?
Pois bem, foram com elas que construí meu caminho.
Foram com elas que ergui tudo que sou hoje.
Foram com elas que realmente aprendi a ser alguém.
Sim, obrigado por fazer parte do chão que eu piso.
Obrigado por decorar o chão onde cuspo.
Obrigado por me fazer ver das formas mais belas,
Quem são as pessoas, o que elas querem,
Ou para onde elas vão. Obrigado.
Se algum dia repensar em tudo que foi dito ou feito,
Pode ter certeza que eu sempre estarei lá. Você querendo ou não.

By: AyKe.AeRa.

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