Os Lábios Vermelhos

Feito em 27 de Outubro de 2012...
Sim, eu posso dizer que a dama amava batom vermelho.
Penetrava por entre olhos que nunca foram seus.
Ousava acreditar que nada poderia derrubá-la,
Nem mesmo os olhos daquele que queria ser seu.
Vestida com a cor escarlate de seus lábios,
Adentrava por entre as luzes que mostravam seu valor,
O valor bruto de mais uma compra,
Um produto que nunca ousou dizer o seu preço.
Valia alguma coisa. Mas, para as pessoas certas.
O sangue fervia e do alto do mundo se podia avistar,
A descoberta que o universo é grandioso.
Dando os primeiros paços em direção do seu futuro,
Os belos lábios vermelhos mantedores de um sorriso,
Falantes e emoldurados, um pedaço do paraíso.
A cada passo que se aproxima de sua ultima dança ela se mantém firme,
Mantém-se maior e mais sublime,
E não pisa mais sobre o chão. Flutua sobre nuvens,
E ganha a dança desejada com o homem que nunca foi seu.
O homem que a fez se perder nos olhos errados.
O homem de preto e de cabelos acastanhados.
Depois da bebida o mundo foi perdido.
Todo o seu senso de humor foi regredido,
Á depressão da alma por trás daqueles lábios vermelhos.
Os seus belos cabelos escuros repousavam no ombro,
No pedaço esquerdo daquela cor vermelha que cegava.
No lado oculto dos olhos que chorava e regava,
A felicidade do assassino infeliz que ouvia os seus desabafos.
Ela com doçura apenas despede-se e vai ao toalete.
Ele com desejo apenas a olha e a segue.
E num piscar de olhos ele avista a sua presa.
E num piscar de olhos a presa vira fera.
E nesse mesmo piscar de olhos a noite fica mais escura,
Na selva impiedosa da rotina humana que é reclusa,
Mais uma das tantas vítimas do assassino sanguinário do toalete.
Na mesma peça sanitária onde repousa os seus belos lábios vermelhos,
Repousa o seu corpo já sem vida e vermelho.
Trajando a roupa da morte os olhos que nunca foram,
Se vão para o lugar onde nunca ousaram.
Se antes sua roupa era vermelha escarlate, hoje é vermelha sangue,
No simples movimento de quando sua pele com uma faca se tocaram.
No gabinete, no toucador, na noite, no batom vermelho.
A dama ainda podia se olhar no espelho.
Sim, eu posso dizer que a dama amava batom vermelho.
E penetrou em olhos que nunca foram seus.
Na noite escura alguém repousa entre o mar dos mortos.

By: Vinicius Osterer.


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