Boneca Sydney

Eu não sou o seu mundo
Não pertenço a seu convívio social
Não sou aceito.
Igual a mim existem outros
E como existem outros e melhores.
E eu não posso ser outro,
Eu não posso mudar de eu como de roupa,
Não sou louco, não sou problemático
Sou mais um garoto no sol.
Eu e minha boneca Sydney,
Sydney minha filha no sol.

Eu vou me deixando levar aos poucos,
Tentando agradar os ouvidos alheios,
As vontades que não as minhas,
Mas não é nessa encarnação,
Nem outra vida,
Eu e minha boneca Sydney,
Sydney minha filha no sol.

Essa impressão não passa.
E acho que ela nem vá passar,
Quem vai passar sou eu,
E passando vou perdendo o que é meu,
Perdendo as coisas aos poucos,
Dando mais de mim aos outros,
Pedaços e mais pedaços que não voltam.
Porque ficaram lá nas palavras,
Nos olhares mudos e calados,
Nas frases com sentido figurado,
Eu e minha boneca Sydney,
Sydney minha filha no sol.

O que vou fazer com o tempo laranja?
E com a sinestesia que o amor deixou?
Eu e minha boneca Sydney?
Sydney e eu no sol.
Sydney minha filha no sol.

Tenho que parar de ser amargo,
Tenho que parar de falar dos outros,
Porque sempre esses outros?
Porque não outros outros?
Ainda estou com gosto de cerveja na boca,
Passei o dia com outros bebendo,
E com outros falei, sorri e chorei,
Eu e minha boneca Sydney,
Sydney minha filha no sol.

Não quero ser inconveniente,
Não quero agradar e nem deixar de ser
Deixar de me perder nos olhos outros.
Mas essa sinestesia amarela?
Essa impressão que não passa?
Esse mundo que não sou eu?
Preciso fugir, preciso correr, preciso viver
Preciso de minha filha Sydney,
Sydney minha filha no sol.

By: Vinicius Viniver
Feito em 31 de Julho de 2016.

Comentários

Postagens mais visitadas