Sortilégio

Eu piso descalço sobre pedras e sobre paus,

Com minha flauta mágica e meu desamor e amargura.

Estou gerando um universo através do Caos,

O pai da noite e escuridão, que me trouxe esta aventura.

Acho que estou limpo, sim eu estou totalmente sincero,

Essa eventual tontura não foi por nada que me deram,

Até por que não sou um viciado, sou um homem do bem,

Estou sentado no infinito em um estado zen,

E não há nada que mude a minha personalidade.

E se é noite, saio na noite, de noite, tudo treva.

A lua me guia, a lua me gira, a lua me leva.

E viro caminhos, cruzando riachos com meio passo,

Eu paro no nada e então eu me despedaço.

“Eu sou seu, todo seu, sou o universo”

E sou tanto que às vezes eu me detesto,

Não tenho problemas, nem bipolaridade e coisa tal,

Eu acho que eu até sou bem normal,

Mas escancaro o meu sorriso todo amarelado,

Me tranquei no banheiro e acabei desapegado,

Da comida toda que eu tinha no estômago.

Não tenho problemas alimentares,

Mas não gosto de muitos lugares,

E sou assim tão menina tantas vezes,

Isso não vai me fazer nenhum mal?

Vomitei. Escondi a minha tristeza.

Com você na minha vida não há moleza,

Seu jeito moleque faz as coisas ficarem mais fáceis.

Não tenha medo, segure minha mão, não vou fazer o mal,

Coloque o seu pé neste círculo para o ritual,

E invoque todo o amor que você tem no seu peito,

Aponte para o céu por que você é tão perfeito,

E você é a matéria desta noite escura.

Me agarre pela cintura,

E dance comigo uma dança colorida,

Se aceitar é tão bom, é ser a vida,

E não posso mais desejar a morte.

Achar você foi uma sorte,

Amor amado, amor amante,

Dois passos para a esquerda, você é tão viciante,

E eu sou esse trejeito todo, sem deixar de ser homem.

Não desejando ser nada mais além do que eu sou,

Essa barba e este corpo, essa doença que me atacou,

E como a vida é bonita,

Como a vida é bonita.

Dentro de um rodamoinho espiralado,

Não existe mais nada para se conspirar.

Eu sou a magia e isso não é um pecado,

Quem terá a coragem de me queimar?

Tragam as tochas e preparem as fogueiras,

No meio da praça, sinalizando o julgamento.

Façam como fizeram com as feiticeiras,

Publiquem nos livros o acontecimento.

Isso não vai me fazer nenhum mal?

Vomitei.

By: Vinicius Osterer

Feito em 23 de setembro de 2016.