O Homem Que Cansou de Maio

Eu sou como vós, e vós não existe no seu dicionário,
Estava até com um espírito visionário,
Mas não queria ser como esse punhado de pão com ovo,
Eu quero amor, quer que eu explique isso de novo?
Cansei de Maio e da minha educação...
Quer me odiar? Que entre na fila então,
Não justifique o seu caráter pela sua opção,
Para aguentar, me vê mais uma dose de tequila!
Tesão e sexo é muito normal, mas não sou argila,
Que você pode moldar com os dedos,
Que você pode colocar a sua forma.
Que você pode desvendar todos os segredos,
E quebrar a minha rotina e minha norma.
E chega de papo furado, conversa fiada,
Cadê a minha caneta que peguei emprestada?

O homem aqui, cansou de Maio.
O homem aqui, cansou do fracasso.
O homem aqui, não vai voltar nenhum passo,
Por que o homem aqui não é mais o mesmo.
E por homem entende-se alguém com:
“Um metro e oitenta centímetros de altura,
Beirando seus 46 quilos,
Doente crônico,
Nascido em 14 de Maio de 1993,
Exatamente 17:45 minutos,
Com sol em Touro, lua em Peixes e ascendente em escorpião.”
Um homem que não desiste! Não, isso não!
Um homem do sexo masculino,
Endividado, pouco amado,
Alfabetizado, com ensino superior completo.
Um homem simples e discreto,
Que faz o seu próprio perfil padrão.
Um homem que aprendeu a ter coração,
Beirando seus vinte três anos e quarenta e poucas derrotas.
Já dei inúmeras e grandes voltas,
E sempre acabo escrevendo com a cor vermelha.

Essas gotas de tinta vermelha preencheram a página?
Devo escrever de vermelho e no papel,
Seria uma desonra envolver esta ideia nas teclas,
Daquela máquina de computação parcelada e paga.
Eu não precisava sentir mais nada,
Apenas ficar sabendo daquilo que mais odiava,
Que eram os trinta e um dias do mês de Maio.
Mês da queda e do meu desmaio,
O mês que nunca foi bonito na literatura,
O mês que espero um dia bater as botas.
Já dei inúmeras e grandes voltas,
E continuo sendo o sangue da minha mãe que chora.

Eu sou como vós, e vós não existe no seu dicionário,
O homem aqui já cansou de Maio,
Brilhante e elétrico como um grande raio,
Que cruza meu corpo e me dá a vida.
Vou devolver a caneta, e todo o sentimento,
Quando você saber soletrar reciprocidade.
Por enquanto lhe atenderei no momento,
Que me tratar como “Vossa Majestade”,
O rei soberano da literatura da decadência,
Ser humano em demasia, vibrando na existência,
Da sua matéria simplória e nefasta.
O homem aqui cansou, já basta!
Tire daqui essa palhaçada toda e me deixe quieto.
Estarei lhe esperando com meu coração aberto,
Mas se quiser me odiar que entre na fila!
Eu quero amor, quer que eu explique isso de novo?

By: Vicenzo Vitchella
Feito em 25 de abril de 2017.

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