Varejeira Dramática

Não posso dizer para você que aquilo tudo ainda está por aqui.
Mas não posso mentir sugerindo que você me esqueça.
Talvez um dia eu perca a minha cabeça
E me atire de frente para tudo aquilo que é seu de matéria.
Um dia lhe quero, no outro não mais
Eu não estou compreendendo seus sinais,
Seja claro quando diz o que sente!
Se quiser acreditar, então acredite.
Se quiser opinar, dê seu palpite.
Eu tentei cometer um suicídio.

Me atirei de frente, de braços abertos,
Andei nas ruas, em lugares desertos,
E chorei por que precisava colocar tudo para fora.
Poesia, lágrima, e minha vida sem glória.

“Entra no carro!” Disse ele, de uma forma exigente,
“Eu só quero ser tratado de uma forma descente”
Parece que ele não entende todas essas coisas.
Ele passa a mão quando deseja,
Então me ama e nunca me beija,
Não quer amor, apenas passar o tempo.
E aos poucos vou morrendo por dentro,
Sobrando quase nada daquilo que tenho.
Então eu me esforço e me empenho,
Para não me jogar na frente de um carro em movimento.
Suicídio e arrogância. Não sou perfeito.
E minha cartela de comprimidos está acabando.
Um homem que se iludiu e ficou chorando.

Eu cansei de não valer nada. Cansei de lhe desejar.
Cansei de dormir com outra pessoa querendo lhe amar.
Cansei de você e seu mundo,
Cansei da minha falta de determinação,
Quando estou sozinho e lembro,
Da sua grandeza no meu coração.
Da sua presença dentro do meu mundo,
E da minha motivação social,
Quando tudo que tenho no peito,
É poesia e um amor anormal.

E hoje por algum motivo,
Acordei novamente emotivo,
E precisei parar para pensar.
Abri a porta do carro, desci pisando no barro,
Queria me deixar levar...
Deixar que as coisas passassem, que você sumisse,
Que tudo que eu fosse matasse aquilo que você me disse!
E você nunca diz tantas coisas amáveis,
São coisas mecânicas e tão descartáveis,
Eu só queria um abraço em troca.
Mas você joga seu carro sobre mim,
Atropela meu corpo e eu fico esperando para morrer,
Não saio da frente, eu quero lhe ver,
Adentrar dentro dos seus olhos castanhos.
E hoje pela primeira vez, eu lhe chamo:
Assassino! Não tenho nada a perder!
Eu só queria não ter
Tomado tantos comprimidos ontem a noite.
Eu beijei outra boca e acabei vomitando,
Estava enojado e acabei chorando,
Perdido entre ruas desertas de existência.

“Passa com esse carro por cima de mim!”
“Faz o que você faz de melhor!”
“Me mata agora e dá logo um fim!”
“Sou uma varejeira dramática e sem humor!”
Se quiser acreditar, que acredite.
Me atirei de frente, de braços abertos,
E ele acabou me matando.

By: Vinicius Osterer
Feito em 15 de abril de 2017.

Comentários

Postagens mais visitadas