Um Anjo de Preto

TUM-DUM; TUM-DUM;
Eu havia prometido não usar magia negra.
Tocar um tambor, acender uma vela, espetar um alfinete.
Toda essa coisa que se vê na internet,
Toda essa prática escura e reclusa,
Talvez um espírito que vem e me usa,
TUM-DUM; TUM-DUM;
E talvez eu seja o sacrifício,
Ou talvez seja o que sacrifica,
Tentar fazer letras como um ofício,
Que vem até a boca e a adocica,
Amarga, azeda, faz reviravoltas em borboletas,
Silhuetas... Velas pretas...
Velhas histórias distópicas e desarmônicas,
Demoníacas... Camaleônicas...
TREVA. ESCURIDÃO.
TUM-DUM; TUM-DUM;
Foge da sua percepção!
Está sobre a cabeça do corpo,
E inserida no ponto chave do peito...
Eu gritei sete vezes e direito:
“VEM ATÉ MIM!”
Mas ele não veio... Ele não vem. Ele foi.
E se foi não vai voltar para jogar apenas dados,
Para apaziguar alguns pecados,
Ele não vem. Ele foi.
TUM-DUM; TUM-DUM;
Quem é você? Vem ridículo desta forma?
Cadê a beleza? Um anjo sem norma,
Sem rigor e sem caráter!
Não trouxe flores, nem mesmo chocolate,
Cadê a beleza?
Cadê o sorriso sincero?
Com terra do cemitério,
Um punhado de comprimidos e cabelo.
Magia negra e um grito de desespero.
Ele não vem. Ele foi.
E se foi não vai voltar e trazer cigarros,
Nem bebida, nem amor, nem palavras.
Cadê as trevas? Escuridão? E suas assas?
Talvez você já superou a cor preta.
Toda de luto, talvez é perfeita,
Para alguém que emergiu de um mundo inferior.
Pequeno de tamanho, de alento, quase sem cor.
Esperando pelas frutas e os diamantes,
Pelos corpos de seus melhores amantes,
Essas palhaçadas todas que habitam as pesquisas,
Do seu histórico do navegador da internet.
Se voltar me traga chicletes,
Porque parei de beber faz algum tempo.
Esse anjo de preto não vem.

By: Vicenzo Vitchella
Feito em 15 de Maio de 2017.

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