A Morte No Copo

É como se a lua fosse a pedra entre meus mamilos
Em uma salada de frutas com banana tropical,
Soando mais alto do que a porção dos grilos
Que eu guardo dentro do meu arquivo mental.
Deitado na cegueira de seus traços,
Preenchendo os meus pedaços,
Com o pouco que tenho do que me sobra de ti.

É como se faltassem argumentos, fico calado
Não há nada para falar, estou parado
Na inércia com um punhado de gente bêbada.
Engolindo por precaução as palavras
Talvez um “oi” com flores roubadas
Mas elas estão mortas dentro de um copo na cozinha.

É como se a chuva pudesse me dizer
O que ninguém consegue falar sem gaguejar,
Como se pudesse pensar e escrever e...
Ah cala a boca! Beijei seus traços e você não sabe.
Sou mais um viado, com um punhado de flores no peito.

É como se a lua estivesse na minha cabeça
Na fase mais escura que é a Nova,
E eu estivesse saindo de casa para o bar buscando seus olhos
E não os acho pendurados nos fios de telefone,
Nem dando de ombros quando o assunto não interessa,
Quebrados em abraços dados sempre às pressas,
Nem na vitrine, na ponte que eu cruzo,
Não está no meu copo, nem no olhar obtuso,
Que eu faço com um ângulo maior que noventa.

Três passos, quatro garfadas.
Definição: para pessoas não amadas.
E se amei?
Não acho seus olhos.
A morte me encara em um copo na cozinha.
- Oi! Eu roubei flores.

By: Vinicius Osterer
Feito em 14 de janeiro de 2018.

Comentários

Postagens mais visitadas