Recheio de Láctea Condensado

Abri a minha mala e coloquei três camisetas floridas,
Um livro das minhas poesias doloridas,
E meu remédio para poder dormir no espaço.
Um punhado de rascunhos e bobeiras,
Meu velho par furado de meias,
E aquela coisa triste que aprendi a mentir e faço,
Limpando minha astronomia com as mãos.

No meu confeito de estrelas pragmáticas,
Com um punhado de palavras enigmáticas,
Pousadas do céu como naves coloridas.
Enredo e mais enredo, acabei escrevendo,
O que não deveria nem estar vivendo,
Sou infinito e um de todas as vidas,
Infinito e dois quando mais um.

Talvez no meu universo todos sejam magros e altos,
Com cabelos tingidos e saibam amar.
E dentro de um verso deem cambalhotas e saltos,
E gostem muito mais do próprio jeito de pensar.
E só talvez, dentro do meu universo,
Tudo caiba sem a complexidade dos fatos,
Na densidade em que estou submerso,
Na astronomia de ligar nomes aos retratos.

Quero com recheio de láctea condensado,
Os mesmos olhos verdadeiros que tive no sol.
Quero com recheio de láctea condensado,
O emaranhado de mentiras que já tive que engolir.
Como um balão cheio de gás eu vou subir,
Para a lua, satélite do meu amor.
Recheio de morango não tem o mesmo sabor,
Das palavras que você sempre joga para meu espaço,
Universo magro, alto e descalço,
Com flores nas calçadas e avenidas.

Parado nos seus dias, eu não sou a hora,
Nem ninguém que ama e que chora,
Eu posso ser apenas o real e o agora,
Com confeitos e purpurina vermelha.
Recheado com flores da última primavera,
Seus lábios pintados que Deus não me dera,
Alimentando o demônio que é minha fera,
Quando cruzo os sETe véus de sua fronteira.

Abri a minha mala e coloquei outra roupa,
A VIADA LÍRICA, MELODRÁMATICA E LOUCA,
Com as palavras regadas ao molho tártaro.

By: Vinicius Osterer
Feito em 25 de janeiro de 2018.

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